In deep sorrow,
we inform the sudden and tragic death of Professor
Sam Moyo, dear scholar and activist, last Sunday,
November 22th. Sam Moyo was in New Delhi, India,
where he had just participated in the conference
"Labour Questions in the Global South",
at the Jawaharlal Nehru University, when he was
involved in a fatal car accident.
Sam Moyo was born in 1954 in Harare, Zimbabwe; was
a fluent speaker of English, Ndebele and Shona;
and obtained both his scholars degrees and his political
formation between Zimbabwe, Gambia, Sierra Leone,
Senegal and Canada. For the last thirty years, Sam
was engaged in researches and policy concerning
agrarian issues at Zimbabwe, at the SADC and in
Africa as a whole. He acted strongly at the University,
in the government and in organizations of the civil
society, concerning mostly themes as land expropriation,
food, agriculture and energy policy. He never let
himself be fooled by the manacheist attacks to his
country's political situation. With an accurate
critical spirit, extraordinary energy and exemplary
integrity, Sam promoted, during all his lifetime
and in everywhere he walked in, conversations based
on empirical researches about land expropriation
and its effects over economical and sociological
theories about peasantry and globalization.
Moyo had been professor at the University of Zimbabwe
and head of the Department of Agricultural and Rural
Development from 1987 to 1995. During the 1990s,
he was the head of the Land Reform of the Government
of Zimbabwe's Technical Advisory Team. Between 1995
and 2011, he was director of the SARIPS (Southern
Africa Regional Institute for Policy Studies), and
led the establishment and maintenance of a Regional
Masters Degree in Policy Studies based in Harare.
As a founder member and Executive Director of the
African Institute for Agrarian Studies (AIAS), Sam
Moyo was directly involved in policy researches
concerning agrarian issues in Africa. He also coordenated
research networks in the global South, inspired
by his strong defense of the Pan Africanism and
the solidarity among countries from the global South.
Moyo was also president, vice-president and Executive
Committee Member of the CODESRIA (Council for the
Development of Social Research in Africa).
Sam Moyo had a close relation with Brazil. He was
visitor professor in several Universities, like
Universidade de Brasília (UnB), Universidade
Federal Fluminense (UFF) and Universidade Federal
do ABC (UFABC). One outgrowth of that close relationship
is the International Journal Agrarian South, in
which Moyo was Editor-in-Chief. The Journal was
founded in 2012 and is published by SAGE. It's aim
is to be a channel through which a specific kind
of intellectual production can be published, expressed
and get to be known. That is the production of a
South that is not geographical, but claims its right
to land based on counter-hegemonical struggles of
thousands of people whose political projects are
intellectually undervalued due to their inadequacy
concerning the established models.
Two of Sam Moyo's most relevant publications are:
Moyo, S. and Chambati, W. (eds.). Land and Agrarian
Reform in Zimbabwe: Beyond White-Settler Capitalism,
Council for the Development of Social Science Research
in Africa (CODESRIA) Dakar, 2013.
Moyo, S. and Yeros, P. (eds) Reclaiming the Land:
The Resurgence of Rural Movements in Africa, Asia
and Latin America. London, Zed Books, 2005.
Sam Moyo leaves his wife and children. His death
is an inestimable loss, both political and intellectual
for the Social Sciences. Sam's cleverness, humour
and his irremovable smile will certainly live in
the most hard debates in which we shall continually
engage ourselves.
Marcelo Rosa – Laboratory of Non-Exemplary
Sociology (Laboratório de Sociologia Não-Exemplar)
Antonádia Borges and
Stella Paterniani – Study Group in Anthropological
Theory (Grupo de Estudos em Teoria Antropológica
- gesta)
Universidade de Brasília (University of Brasília,
UnB, Brazil)
Sam Moyo (23 De Setembro De 1954 – 22 De Novembro
De 2015)
Antonadia Borges and Marcelo
Rosa
É com profundo pesar que comunicamos o repentino
e trágico falecimento, neste domingo (22/11/2015),
do Professor Sam Moyo, estimado acadêmico
e ativista. Sam Moyo estava em Délhi, Índia,
onde participara da conferência "Labour
Questions in the Global South", na Universidade
Jawaharlal Nehru, quando sofreu um fatal acidente
de carro.
Nascido em 1954 em Harare, Zimbábue; falante
de inglês, Ndebele e Shona; tendo se formado
intelectual e politicamente entre Zimbábue,
Libéria, Gâmbia, Serra Leoa, Senegal
e Canadá, Sam Moyo esteve engajado, nos últimos
trinta anos, em trabalhos, pesquisas e desenvolvimento
de políticas públicas concernentes
a questões agrárias no Zimbábue,
na SADC (sigla em inglês para Comunidade para
o Desenvolvimento da África Austral) e na
África em geral. Atuou fortemente na universidade,
no governo e em organizações da sociedade
civil, abarcando, principalmente, os temas da expropriação
da terra, alimentação, agricultura
e políticas de energia; e nunca se deixou
ludibriar pelos ataques maniqueístas ao quadro
político de seu país. Com aguçado
senso crítico, extraordinária energia
e integridade exemplar, Sam promoveu, durante toda
sua vida e por todos os cantos onde passou, conversas
sustentadas em pesquisas empíricas sobre
a expropriação da terra e seus efeitos
sobre as teorias econômicas e sociológicas
sobre o campesinato e a globalização.
Na Universidade do Zimbábue, Moyo foi professor
pesquisador e chefe do departamento de Agricultura
e Desenvolvimento Rural, de 1987 a 1995. No final
dos anos 1990, coordenou a equipe de aconselhamento
técnico para a reforma agrária do
governo do Zimbábue. Entre 1995 e 2011, foi
diretor do SARIPS (Southern Africa Regional Institute
for Policy Studies) e implementou programas de pós-graduação
em estudos de políticas públicas em
Harare.
Enquanto membro-fundador e diretor executivo do
African Institute for Agrarian Studies (AIAS), Sam
Moyo esteve à frente de pesquisas de políticas
que envolvessem questões agrárias
na África e coordenou redes de pesquisas
colaborativas em países do Sul global, inspiradas
em sua forte defesa de um Pan-Africanismo e da solidariedade
sul-sul. Sam Moyo também foi presidente,
vice-presidente e membro do comitê executivo
do CODESRIA (Conselho para o Desenvolvimento de
Pesquisa Social na África).
Sam Moyo teve uma estreita relação
com o Brasil. Foi professor visitante em diversas
instituições, como a Universidade
de Brasília, a Universidade Federal Fluminense
e a Universidade Federal do ABC (São Paulo).
Um fruto dessa estreita relação é
a revista internacional Agrarian South, da qual
Moyo era editor-chefe. Fundada em 2012 e publicada
pela SAGE, a revista foi pensada como canal para
expressar a produção intelectual de
um sul que não é geográfico,
mas que reclama direitos à terra baseados
em lutas contrahegemônicas de milhares de
pessoas cujos projetos políticos são
menosprezados intelectualmente devido a sua inadequação
aos modelos estabelecidos.
Duas de suas publicações mais relevantes
são:
Moyo, S.; Chambati, W. (orgs.). Land and Agrarian
Reform in Zimbabwe: Beyond White-Settler Capitalism,
Council for the Development of Social Science Research
in Africa (CODESRIA) Dakar, 2013.
Moyo, S.; Yeros, P. (eds) Reclaiming the Land: The
Resurgence of Rural Movements in Africa, Asia and
Latin America. Londres, Zed Books, 2005.
Sam Moyo deixa esposa e filhas. É uma inestimável
perda política e intelectual para as ciências
sociais. Sua astúcia, seu bom humor e seu
sorriso irremovível continuarão fazendo
morada nos debates mais árduos.
Marcelo Rosa – Laboratório
de Sociologia Não Exemplar
Antonádia Borges e
Stella Paterniani – Grupo de Estudos em Teoria
Antropológica (gesta)
Universidade de Brasília
November 24, 2015.